Conheça os principais tipos de crises epilépticas

Conheça os principais tipos de crises epilépticas

Uma crise pode acontecer por diversos motivos e, apesar de ser um dos sintomas da epilepsia, nem sempre está relacionada à doença. Dependendo da região cerebral onde ocorre, a crise pode apresentar características e denominação específicas.

Antes de introduzirmos qualquer informação, é importante deixarmos claro que epilepsia e crise epíléptica são coisas distintas. Epilepsia é uma doença (como já explicamos aqui), uma disfunção neurológica que pode apresentar a crise como um de seus sintomas.

O que é convulsão

É o tipo de crise epiléptica mais conhecido. A convulsão é uma espécie de falha elétrica cerebral que sobrecarrega regiões mais suscetíveis do cérebro. Acontecem abalos musculares, que podem estar associados à salivação, mordedura de língua e perda de urina.

“A convulsão não ocorre somente em casos de epilepsia. Ela pode acontecer em decorrência de diversos fatores, tais como febre alta, traumatismo craniano, hipoglicemia, falta de oxigênio no cérebro, abstinência de substância química, tétano, tumor cerebral, meningite, encefalite, entre outros”, explica a neurologista Dra. Cristine Cukiert.

Tipos de crises epilépticas

As regiões afetadas pelas descargas elétricas que originam a crise podem ser as mais diversas: lobo frontal, occipital, temporal, parietal, ou de uma forma mais difusa, acometendo os dois hemisférios cerebrais ao mesmo tempo. Como cada área do cérebro é responsável por diversas funções do corpo humano, o paciente apresenta sinais diferentes de acordo com a parte acometida. Dra. Cristine esclarece:

  • Lobo frontal: A crise interfere em atividades psicomotoras, como contrações musculares.
  • Lobo occipital: Ocasiona distúrbios visuais. Por exemplo: pontos de luz, bolas luminosas.
  • Lobo temporal: O paciente apresenta reação de parada, fica com os olhos fixos e sofre automatismos (reações reflexas), como de mastigação, movimentos de mãos, como se estivesse esfregando ou tentando pegar objetos. Não responde durante a crise e tem amnésia do ocorrido.
  • Lobo parietal: Localizado entre o lobo frontal e o temporal, a crise que afeta o lobo parietal gera distúrbios da sensibilidade. Podemos citar formigamento e dormência.

Quando a crise acontece em só uma região do cérebro podemos classificá-la como focal. Quando afeta mais de uma área ao mesmo tempo, envolvendo os dois hemisférios, é chamada de crise generalizada.

A neurologista acrescenta: “Essas crises podem ter (ou não) a consciência preservada. Isso significa que há casos em que a pessoa apresenta a crise e tem ciência de tudo o que está acontecendo a sua volta durante o episódio. Mas, quando o paciente apresenta uma crise sem consciência preservada, pode não lembrar de nada”.

Dentro das crises generalizadas, há três tipos principais:

  • Crise atônica: Aqui, a pessoa perde o tônus muscular, a força, quando geralmente apresenta queda ao solo. O episódio pode durar poucos segundos e acontecer várias vezes ao dia.
  • Tônico-clônica generalizada: Embora não seja o tipo de crise mais frequente, é a crise que estamos mais habituados a ver. O paciente cai subitamente no chão com muita rigidez muscular (braços e pernas duros) e contração involuntária. A pessoa também pode salivar, morder a língua e emitir sons (como uma espécie de gemidos). Esta crise é mais extensa, pode durar de um a três minutos. Ao final, o paciente sente cansaço extremo, sonolência, confusão mental e amnésia.
  • Crise de ausência: Esta é quase imperceptível. São crises muito rápidas, que acontecem várias vezes ao dia. O paciente, de alguma forma, se desliga do mundo externo. Parece que está ouvindo, mas ele está inconsciente, não ouve e não vê nada. A pessoa retoma a consciência poucos segundos depois e dá continuidade à atividade que estava executando como se nada tivesse acontecido. São crises que acontecem mais na infância.

“Quando ocorre uma crise epiléptica, mesmo que seja só uma vez, é extremamente importante consultar um neurologista para definir a causa, o tipo de crise e estabelecer o melhor tratamento”, orienta Dra. Cristine Cukiert.




Este conteúdo não substitui a orientação do especialista. Para esclarecer quaisquer dúvidas e realizar diagnósticos, consulte o seu médico.



Texto publicado em 23/09/2020

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